‘Genocídio seletivo’ ou ‘Por que Lula e Caetano Veloso não agitam a bandeira da oposição síria?’

Em 13 anos, na Síria, foram massacradas 500.000 pessoas, metade delas civis: homens, mulheres e crianças. Durante os governos de Lula e sobretudo de Dilma, a Síria era um país em migalhas. O conflito foi desencadeado em 2011 com a repressão de protestos pró-democracia em Damasco e envolveu múltiplos atores regionais, além de grandes potências, jogando milhões de pessoas nas estradas do exílio. Por que Lula e Caetano nunca agitaram a bandeira que hoje é símbolo da “independência da Síria”?  Por que Caetano dança, dá pulinhos e risadinhas enquanto mostra, leve e alegremente, a bandeira (ao contrário!) de uma Palestina em desgraça? É porque está contente com o massacre de 7 de outubro, com a tomada de reféns e a guerra trágica de Israel contra o Hamas terrorista que já fez milhares de vítimas de todos os lados?  Ou é por mimetismo, por querer imitar aquela antissionista e antissemita esquerda, sempre “festiva”? 

A “bandeira da oposição” ou a chamada “bandeira da independência” foi oficialmente adotada e é amplamente utilizada até hoje pela Coalizão Nacional Síria e pelo Exército Sírio Livre. Ela, de fato, representou o país durante a paz, antes do golpe sangrento do Baath, em 1963, partido do tirano Bashar Al Assad.

Partido Socialista Árabe totalitário e sanguinário, o Baath, é uma mistura ideológica de nacionalismo, panarabismo, socialismo árabe e anti-imperialismo. O baathismo pedia a unificação do mundo árabe em um único estado. Seu lema, “Unidade, Liberdade, Socialismo”, refere-se à unidade árabe, à “liberdade” do controle e a interferências não árabes.

Nos anos de Dilma, na Síria – pior, talvez, do que em Gaza – não havia eletricidade, nem pão, nem gasolina. Além da fome, milhares eram mortos sob tortura nas prisões do regime. Foram vários os massacres. A esmagadora maioria de vítimas se estendeu entre o final de 2012 e o final de 2015, enquanto o PT se encontrava no poder. Ninguém, nenhuma anta ou Gleisi Hoffmann, nenhum Lula se manifestou. Nenhum José Genoíno pediu para boicotar alauitas e sunitas no Brasil.

Os ataques do regime sírio, sob o partido Baath, e das milícias aliadas foram responsáveis pela maioria desse genocídio, palavra que, aqui sim, pode ser utilizada. Não tem absolutamente nada a ver com o que ocorre hoje em Gaza.

Genocidas apresentam ‘planos de salvação’?

Há pouco, quando Israel preparava a sua ofensiva terrestre em Rafah, os militares israelenses apresentaram em comunicado “um plano para a evacuação das populações das zonas de combate, bem como um próximo plano de operações”. Genocidas apresentam “planos de salvação”?

Rafah é o “último bastião” do movimento islâmico terrorista, o Hamas que, apesar das propostas israelenses de trégua, devolução dos reféns e troca com prisioneiros, não responde. E não responde, não porque não sabe (apesar do caos que deve estar ali), mas porque certamente quer que Israel mate seu povo, os palestinos, e que imbecis continuem a condenar o Estado Hebreu como “genocida”, quando o grande “exterminador” é o Hamas.

Segundo especialistas, graças a esta guerra – que, como todas as guerras é terrível e provoca perdas irreparáveis – “Israel não está longe de uma vitória total sobre o grupo terrorista.”

O amigo de Lula

Nos massacres perpetrados por Bashar Al Assad, mais um ditador “socialista” amigo de Lula, genocidas também morreram. Entre os não-sírios aliados de Damasco, milhares de combatentes do movimento xiita libanês Hezbollah terrorista, aliado do Hamas, foram da mesma forma, sacrificados.

Em 2021, o tirano Bashar Al Assad, presidente da Síria, foi reeleito com 95,1% dos votos, enquanto eram documentadas mais de 60 mil mortes nas prisões do governo e outros centros de detenção do regime. Quase 50 mil detentos morreram sob tortura.

De 2011 até hoje, jihadistas do Estado Islâmico continuam o genocídio.

Durante a Guerra Civil Síria ficou provado o uso de armas químicas por Bashar Al Assad:  gás sarin, cloro e gás mostarda. De acordo com ONGs médicas e humanitárias, elas causaram milhares de mortes do final de 2012 a meados de 2017, principalmente entre civis.

Houve vários massacres, porém, um mês depois da devastadora chacina de Ghouta, no dia 21 de agosto de 2013, o presidente Lula disse à imprensa que “duvidava que o regime do presidente sírio guardasse armas químicas” e, mais, “que as tivesse lançado contra rebeldes”. Lula afirmou, na ocasião, que “a suposta existência de armas químicas na Síria seria um pretexto da comunidade internacional para intervir no país do Oriente Médio – como foi feito com o Iraque ao dizerem que havia armas de destruição em massa em seu território.”

Claro que tudo que acontece hoje no Oriente Médio, a regressão e o caos que atingiram o Iraque, entre outras coisas como o aparecimento do Estado Islâmico, foram provocados pela ignorância norte-americana da complexidade desses países, muito particularmente a de Bush. Mas, que indecência do presidente brasileiro fazer essa comparação! Aliás, Bashar Inácio Lula da Silva é o mestre das comparações absurdas e gafentas, umas das quais, mais recente, o levou inclusive a ser “persona non grata” em Israel.

Em 2017, quando ficou definitivamente comprovado que Al Assad lançava armas químicas contra oponentes sírios, Lula – provavelmente mais preocupado com os preparativos para o depoimento que daria ao também deplorável juiz Sergio Moro na Lava Jato, e com a eleição para a presidência do PT – ficou mudo.

Em 2023, o ditador sírio tentou uma “normalização”. Conseguiu a reintegração do seu regime na Liga Árabe, após uma década de exclusão do cenário internacional. Nem por isso, deixou de ser o que realmente é: um atroz, sócio de Lula no Sul global contra o Ocidente democrático, assim como o é Putin, execrável amigo dos dois.

Em 2 de março de 2022, os 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) votaram a resolução na Assembleia Geral que condenava a guerra na Ucrânia. 141 países votaram a favor, 35 se abstiveram, 12 representantes de países estavam ausentes na votação e 5 votaram contra. Quais? Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte, Eritreia e… Síria. Claro.

Se jamais empunharam a bandeira que hoje é símbolo da “independência da Síria”, o presidente brasileiro e Caetano Veloso tampouco agitariam a do “Exército Livre da Síria” que é igualmente simbólica da democracia e de um estado secular. Afinal esse é o grupo que está à frente da Guerra Civil, contra o verdadeiro genocídio, lutando para instaurar um Estado de direito. Grupo que jurou lealdade à Coalizão Nacional Síria, principal oposição do país.

Evidentemente, as coisas em países como esse são muito mais complexas do que a maneira como as apresento. Não poderia ser de outra forma. Não sou especialista, o que transmito são observações, não ciência. Na verdade, nem mesmo cientistas políticos ou especialistas em geopolítica, conseguem discernir, de seus “laboratórios”, certos pormenores.

Alain Grenier (1930-2022), querido amigo – que, enquanto diplomata, esteve em Damasco de 1964 a 1968 e conheceu Hafez el-Assad (1930-2000), pai de Bashar – dizia que para “nós ocidentais é praticamente impossível chegar perto daquela complexa cultura.” Contava que a Síria “é formada por tribos e suas autoridades políticas, sendo que cada um deve escolher o grande chefe ao qual prestará obediência e do qual receberá proteção”. Eu respondia, para fazer humor, que para nós, ocidentais, aquele sistema soa como “mafioso”, de “milícias”. Ele me repreendia, sorrindo: “Nada disso! É cultural! São países formados e regidos por grupos sociais, que ocupam territórios específicos, às vezes compõem-se até mesmo de clãs, ou seja, fundados sobre o parentesco.”

De fato, quanto mais aprendemos, mais vemos o quanto não sabemos. Todavia, há coisas que enxergamos bem.

Até a próxima, que agora é hoje e é elementar, meu caro Watson! A esquerda festiva brasileira (e baiana) balança as cadeiras e agita a bandeira errada porque a Síria “não é fruto do sionismo”, o regime sírio é “ditatorial socialista”, “genocídios são seletivos” e… last but not least (por último, porém não menos importante) Bashar Al Assad não é judeu!

O ex-presidente Lula cumprimenta Bashar al Assad, em visita de Estado do presidente da Síria ao Brasil, em 2010 (Foto: EVARISTO SA/AFP)
Bandeira que hoje é símbolo da “independência da Síria”, e representava este país antes do golpe sangrento do Baath, o partido nacional socialista do tirano Bashar Al Assad.
Manifestação em Babila, nos arredores de Damasco.
Bandeira do Exército Livre da Síria.

 

O maior massacre antissemita do nosso século

Exatamente quatro meses após o ataque do movimento palestino radical que matou mais de 1.160 pessoas em Israel, o presidente Emmanuel Macron prestou ontem, dia 7, uma emocionante homenagem às vítimas do islamismo, nos Invalides. Em seu comovente discurso, transmitido simultâneamente em locais públicos de Israel, ele pediu que nada seja cedido ao atual, desenfreado e desinibido antissemitismo. “A França”, disse o chefe de Estado, “foi tocada em sua carne”.

O presidente Emmanuel Macron, nos “Invalides”, diante da Guarda Republicana que empunha os retratos de 42 inocentes franceses, assassinados pelos terroristas do Hamas em Israel, no dia 7 e outubro de 2023. A homenagem se estende aos reféns franco-israelenses detidos até agora em Gaza pela organização terrorista (Foto de GONZALO FUENTES / POOL / AFP)

Os Invalides,  Palácio dos Inválidos, um dos monumentos mais conhecidos de Paris, lugar de memória militar e tributo aos resistentes mortos pelo país, será também, simbolicamente, a partir de agora, o memorial das vítimas do “maior massacre antissemita do nosso século”, como o definiu o presidente francês, em sua digna e solene mensagem, na qual dedicou uma palavra particular à cada inocente sacrificado. Um lugar de memória aos judeus, vítimas do terrorismo do Hamas.

Trago um relato

Neste momento em que a islamização da causa palestina está em seu auge, que o próprio povo palestino começa a se insurgir contra o jugo do Hamas, e que o antissemitismo crescente se esconde por trás do antissionismo, em toda parte – Brasil inclusive – trago um relato aos que odeiam Israel. É possível que mudem de alvo.

O líder desta organização paramilitar terrorista, em Gaza, Yahya Sinwar (foto abaixo), hoje, é um bandido foragido que felizmente perdeu todas as condições de dirigir a barbaria, graças à coragem e ao heroísmo das Forças de Defesa de Israel, que o isolaram. Mas, há alguns anos, este atroz foi condenado pelo assassinato de civis e mantido em prisões israelenses.

Yahya Sinwar, dirigente do Hamas,salvo por Israel. Hoje, graças à Tzahal (Forças de Defesa de Israel), é apenas um bandido fugitivo, sem qualquer comunicação com os terroristas. Seu rosto e expressão dizem tudo. Sinwar é o ódio personificado.

Um dia, Sinwar adoeceu na prisão e foi diagnosticado com um tumor cerebral. Os israelenses poderiam tê-lo deixado morrer e o negligenciado, porém, num Estado de Direito como Israel, não se deixa um prisioneiro sem cuidados, mesmo que seja um terrorista palestino.

Por uma questão de princípio, portanto, o Estado de Israel salvou da morte certa e terrível o próprio inimigo que queria a sua destruição. Além de que, como o leitor pode imaginar, a cirurgia e o tratamento de Yahya Sinwar foram complicados, arriscados e muito caros – feitos às custas dos contribuintes israelenses.

E, no entanto, quem planejou e ordenou o “maior massacre antissemita do nosso século”, foi justamente esse cérebro doente, salvo e depois solto por Israel. Cérebro curado graças a quem, posteriormente, ele mandou matar, massacrar, estuprar e sequestrar. O mesmo que, desde então, fez manter 251 (hoje 141) reféns civis, dos quais não se sabe quantos sobreviveram, inclusive um bebê de um ano.

A história do monstro Yahya Sinwar é apenas uma, entre milhares de exemplos de palestinos (terroristas ou não) sendo tratados em hospitais israelenses, por médicos judeus, árabes também. A presença de árabes que vivem e trabalham no país, como se sabe, é pacífica e coesa. Em minhas viagens à Israel e em minha vida profissional, nunca conheci israelenses que não sentissem pena dos palestinos e não quisessem ajudá-los.

Humanismo, de um lado. Cultura do ódio, de outro

O resto, a cerimônia de ontem nos fez lembrar, como, aliás, lembramos todos os dias. Foi o massacre do 7 de outubro, memória diante da qual nos recolhemos, junto com o presidente francês.

Este é Israel, estado de direito, face à selvageria de monstros, seus vizinhos, que estão do “outro lado” onde há sempre a “alegria”, o Allah Akbar e doces distribuídos toda vez que um ataque terrorista mata israelenses inocentes. E isso acontece há muito tempo, bem antes do massacre. Nenhuma ocupação – mesmo que fora de seus domínios e por mais injusta que seja nos dias de hoje  – justifica a barbárie. A pátria judaica ancestral nos foi devolvida e hoje, legitimamente, depois de tantas lutas e tragédias, nos pertence.

Ninguém pratica crueldade em Israel. Judeus transmitem sabedoria milenar dentro da qual está a tolerância e o amor.  Essa é a diferença entre a civilização e o humanismo de um lado e, de outro, a cultura do ódio e da violência incutida nas crianças desde o seu nascimento.

Então, quando ouço ignorantes dizerem que “Israel mata palestinos” – sendo que um país tem todo direito de se defender e que, indiretamente, é o próprio Hamas que assassina seu próprio povo, usado como escudo – fico extremamente revoltada.

Minha homenagem a “outro Justo

O 27 de janeiro foi o dia da memória às vítimas do Holocausto, data comemorada com uma série de filmes e documentários sobre o assunto na televisão pública e governamental francesa. Me pergunto se alguma coisa apareceu na TV brasileira.

No mesmo dia, descobriu-se que membros de uma organização da ONU fizeram parte do ataque terrorista de 7/10. Não surpreende. Esta é a ONU, hoje.

Portanto, presto aqui, minha homenagem a Kofi Annan, Prêmio Nobel da Paz, homem contrário à “deslegitimação de Israel”, que lutou contra o antissemitismo e a negação do Holocausto em 2017. Foi uma estrela da diplomacia mundial durante seus dez anos à frente das Nações Unidas.

Ele, que não acreditava que a paz fosse possível com os governos de sua época, certamente pensaria o mesmo nos dias de hoje. Por causa da conjuntura atual face ao islamismo radical, o programa ambicioso de Annan que, para o futuro, teria sido uma ferramenta indispensável para a paz, prosperidade e dignidade humana em todo o mundo, foi perdido, talvez, para sempre.

A França foi o único país a se manifestar

É contra isso, e o que acontece igualmente do outro lado do oceano, que decidi me bater: contra essa injustiça relativa a Israel e aos israelenses; contra essa “cultura da morte” no campo vizinho de seus adversários e contra os ignaros que não enxergam um palmo em frente de seus narizes, porque a ideologia os cega.

A França foi o único país a se manifestar. O que fez o presidente brasileiro, querendo agradar aos “sócios autocratas do Sul Global”? Alinhou nossa pátria aos países que apoiaram a acusação odiosa da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça, por “genocídio”, sem que o “suposto crime” tenha sido caracterizado pelas leis internacionais, uma vez que Israel responde legitimamente a um ataque terrorista jamais visto em sua história. A prova é que a Corte não acatou a acusação. E nem poderia.

A decisão de Lula não apenas alinha o Brasil a países autocráticos e violadores dos direitos humanos, como coloca a luz sobre o antissionismo da esquerda brasileira formada em boa parte por ideólogos racistas, antissemitas disfarçados.

Antissionismo é antissemitismo, sim.

Ao contrário do presidente brasileiro, seu homólogo francês Emmanuel Macron, com base nos poderes que lhe são conferidos pela Constituição francesa, e com aprovação do Congresso nacional, decretou “o antissionismo como antissemitismo”, delito passível de prisão como qualquer manifestação racista.

Na França, portanto, o presidente Lula, membros do PT como José Genoino e a presidente do partido, entre outros, já estariam respondendo em Justiça.

Lula é Munique, tanto quanto seu amigo Mélenchon, cujos deputados da extrema-esquerda na Assembleia francesa (elegantemente convidados à cerimônia de ontem, pelo presidente Macron, chapeau!), foram vaiados e muito justamente vaiados ao chegarem aos Invalides! As famílias das vítimas não queriam a presença desses eleitoreiros que acariciam o islamismo radical antissemita, no sentido do pêlo.

Lula e acólitos, shame on you! Até a próxima, que agora é hoje, e… Vive la Civilisation! Vive la Démocratie! Vive la République! Vive la France!