A estratégia perversa (manjada em outros países, porém jamais usada no Brasil) tem três atos:
1° – Preenche-se o governo com pessoas ruins, incompetentes e inimigas dos assuntos de suas pastas.
2° – Orienta-se cada atroz a fazer uma declaração mais estapafúrdia do que a outra, ocupando espaço na imprensa e nas redes.
3° – Estimula-se o falatório, bom ou mau, a fim de mostrar “autoridade”.
O objetivo? Reforçar um governo centralizado, populista, nacionalista, autoritário e autocrata – exatamente o que está acontecendo no nosso país, em ritmo acelerado.
Trata-se de um método de sideração, como o que ocorreu na Itália de Salvini e felizmente terminou. Ninguém sai às ruas porque as pessoas estão sideradas, paralisadas. Ora, além da estratégia perversa, que é externa – certamente orientada pelo satânico Steve Bannon e o “guru” de Virgínia (é bom lembrar que o novo psicótico, agora diretor da Funarte, foi aluno dele) – existe igualmente uma neurose interna que permite a este governo existir. Exemplo que todos conhecem: aquele tipo de casal, completamente neurótico, que não pode viver separado porque um depende das neuroses do outro. O casal Bolsonaro-Lula também está nessa, por oposição.

Pois é. A crescente “família governamental” brasileira, que agora tem membros em todas as pastas, é assim. Funciona, não em oposição, mas em sintonia, dentro da estrutura psicopatológica da qual também necessita para existir.
‘Conteúdos proveitosos ou inspiradores’
A contra estratégia? Um pacto entre os órgãos fidedignos da imprensa e a sociedade civil. Não se noticia ou analisa nos jornais, rádios e televisões; não se compartilha ou comenta nas redes nenhuma destas provocações sensacionalistas.
Reconheço que é muito duro ficar quieto vendo o antirrepublicano chamado “sinistro da Deseducação” dançar de guarda-chuva e insultar as pessoas, e um diretor imbecil de instituição cultural dizer que a terra é plana ou que os Beatles foram comunistas. O jornal Estadão, neste editorial, chegou até mesmo a exigir: “o ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem de ser demitido imediatamente.”
Mas, se não for para ser contundente assim e apenas banalizar barbaridades, silenciar é o que todos deveriam fazer. Se todo mundo ignorasse as hostilizações e os ultrajes, a imprensa inclusive, o governo seria neutralizado neste aspecto. Aliás, qual é o interesse em reproduzir e comentar perversidade? Muda alguma coisa?
O silêncio, junto com a continuidade da avaliação, abordagem crítica, iluminação de problemas, indicação de falhas e contradições, questionamento das autoridades públicas e dos poderes privados, sempre buscando “conteúdos proveitosos ou inspiradores” – como está nas diretrizes editoriais publicadas pela Folha em 12 de março deste ano – estas são as nossas melhores armas.
Até a próxima, que agora é hoje e não caiamos como patinhos! #Silêncio