Mosquinhas de Columbia e outras

Jovens ignorantes, desmemoriados e, portanto, antissionistas (ou seja, adolescentes tardios que desejam a destruição de um país legítimo, soberano e democrático), agitam-se como mosquinhas em volta de uma armadilha, com vinagre e sabão.

Todos são manipulados por quem coloca esses engenhos capturadores de insetos, nas universidades. Procure saber quem são no recente discurso do Embaixador de Israel nos Estados Unidos e na ONU, que publico no final.

Desde o início da guerra Israel-Hamas, os judeus americanos – a primeira diáspora judaica do mundo, com 6 a 7 milhões de pessoas – sofreram a onda de choque do conflito. De acordo com um relatório da Liga Antidifamação (ADL), publicado no dia 16 de abril, o antissemitismo explodiu nos Estados Unidos, com 8.873 incidentes registrados e um aumento de 140% em relação a 2022. Com outros números, igualmente assustadores, ocorreu o mesmo nos países do continente europeu.

Mais de dois terços desses atos aconteceram após os ataques do Hamas, no dia 7 de outubro de 2023, de acordo com esta organização americana que luta contra o antissemitismo. As ameaças de bombardeio contra instituições – principalmente sinagogas – aumentaram dez vezes, enquanto os incidentes no campus triplicaram.

A explosão do antissemitismo certamente abalou a ideia, profundamente enraizada entre os judeus americanos, de que a América era um lugar diferente, um lugar seguro para colocá-los a salvo da violência que seus ancestrais haviam conhecido na Europa. Li que muitos pais judeus têm dúvidas se devem enviar seus filhos para estudar em universidades, agora infestadas por antissionistas.

A comunidade judaica em todo mundo sente-se afetada pelo drama de Gaza

O fato de que esse racismo seja expresso em lugares elitistas como as prestigiadas universidades – onde, às vezes, é legitimado intelectualmente até mesmo por professores – deve ser particularmente perturbador para pais judeus. Nos lembramos muito bem quando, no final de 2023, os presidentes de Harvard e da Universidade da Pensilvânia tiveram que renunciar, após suas ambíguas e detestáveis audiências no Congresso.

Os anos 1930 – cuja memória os judeus não deixam esmorecer, para que “não se repitam nunca mais” – ainda não têm nem mesmo um século.

O apoio ao Estado hebreu permanece forte na comunidade judaica, mas é claro que ela também se sente extremamente afetada pelo drama humanitário em Gaza. O judaísmo, ao contrário do islamismo, que cultua a morte e o castigo, desde sempre dá enorme valor à vida e à ética. Quem não teme que esta guerra destrua a credibilidade moral de Israel e da comunidade judaica em geral? Quem não pensa na possibilidade de que Benjamin Netanyahu nos coloca em perigo, dando pretexto aos antissemitas?

Li em alguma parte que um pequeno número de jovens judeus americanos se declararam antissionistas, juntando-se às manifestações “pro Palestina”. Que desgosto devem dar a seus pais ou avós, visceralmente ligados a Israel! Tão ignorantes quanto os racistas não judeus, esses garotos, sem estudar história e sem nada conhecer da extraordinária e sofrida odisseia de seus antepassados, preferem acreditar na mentira de que “a terra de Israel pertencia aos palestinos”.

Os jovens antissionistas de hoje

Eu mesma sou testemunha de que as divisões geracionais em torno de Israel não são novas: elas existiram nos Estados Unidos e na França desde o final dos anos 1960. Mesmo os judeus americanos ou franceses que criticavam Israel quando eram jovens, tendem a se aproximar e amar cada vez mais este país, à medida que envelhecem. Foi o que aconteceu com minha geração que saía às ruas de Paris, onde eu estudava, em 1968. Porém, jamais com a mesma violência que vemos hoje. Nunca vi estudantes judeus feridos ou sendo impedidos de entrar em salas de aula.

Os jovens antissionistas de hoje indignam a imprensa, os especialistas, a maior parte dos americanos e da sociedade internacional. Só não indignam as universidades e os professores laxistas.

No “novo logotipo” caricatural, “Columbia, Universidade do Hamas”, está escrito: “Em nossa universidade, respiramos ódio.”

E, no entanto, conhecemos a origem dos manipuladores dessas mosquinhas que deixam a ideologia pensar por elas. Tanto à direita, quanto à esquerda. São exatamente os mesmos que manipulam a moscaria de Sciences Po, em Paris. Assim como a da extrema-esquerda totalitária do LFI de Mélenchon (amigo de Lula), partido abominável, violento, conspiratório, loucamente antissemita, que desfilou no dia 1 de Maio, em Paris e Lyon, rechaçando e jogando sacos de tinta em judeus e democratas como Raphaël Glucksmann, formidável candidato socialista nas próximas eleições europeias.

As mosquinhas de Columbia e outras, que apoiam Hamas e Hezbollah, organizações terroristas patrocinadas pelo Irã e apoiadas pelas maiores tiranias do planeta, estão em situação ilegal. Várias, já na prisão. Mergulharam, de nariz, no vinagre com sabão. Jamais, em suas vidas americanas, conseguirão empregos. E suas universidades não terão mais nenhuma subvenção privada. O que representa a maioria de seus subsídios, conferidos por judeus.

Antissionismo é antissemitismo

Ao contrário do presidente brasileiro, seu homólogo francês Emmanuel Macron, com base nos poderes que lhe são conferidos pela Constituição francesa, e com aprovação do Congresso nacional, decretou “o antissionismo como antissemitismo”, delito passível de prisão como qualquer manifestação racista. Com efeito, e não só na França, antissionismo é antissemitismo. Antissemitismo e qualquer outra forma de racismo é crime.

No verão, uso bastante essas armadilhas de mosquinhas, perto das frutas. Começarei a usar o ano inteiro, também para os que compartilham e apoiam os acampamentos de universitários imbecis, ignorantes e desmemoriados, que os retardados das redes sociais chamam de “resistentes”.

Até a próxima, que agora é hoje e todos no vinagre com sabão!


Sobre o mesmo assunto

Nunca em minha vida assisti a um discurso tão corajoso como esse do embaixador de Israel nos EUA (e na ONU), no primeiro dia de maio. Ele resume tudo, de maneira extraordinariamente clara, estruturada e fundamentada. Isso, em apenas 20 minutos, sem qualquer papel. Acaba com a ONU, com toda razão.

Para assistir com legendas em português, é só clicar no ícone “engrenagem” embaixo à direita, clicar em “traduzir automaticamente” e escolher a língua. Usando Chrome, há menos publicidade.

Crédito da foto de abertura : Charly Triballeau/AFP)

Deixa tirar uma foto?

Tive que ir ao Marais e, como uma conhecida recém-chegada do Brasil não estava longe e me havia convidado para um café, sugeri aquele bairro. Fazia frio, mas havia sol e ela me esperava já instalada e bem agasalhada, num terraço. Eu ainda atravessava a rua, quando vi que sacou rapidamente o telefone da bolsa e começou a me fotografar. Achei estranho, mas, como não sou nenhuma celebridade, imaginei que deve fazer isso com todos seus conhecidos.


Aproximei-me, ela se levantou e, na hora em que pensei que ia me dar um abraço, tirou outra foto. Depois, em vez de me cumprimentar da maneira como os seres humanos normalmente fazem ao se encontrar, disse:

“Deixa tirar uma foto?”

Não tive tempo de responder, nem me sentar. Ela deu um salto para trás procurando melhor ângulo. Porém, ao ver um garçom servindo ao lado, seus olhos brilharam e mudou de ideia. Puxou-o pela manga, colocou o celular na mão dele, a que estava sem bandeja, e ordenou:

“Tirez una fotô.”

Mais uma, mais uma!

Aí, sim, aproximou-se de mim e passou o braço por cima do meu ombro. O moço teve a infelicidade de acionar o disparador só uma vez. Então, ela gesticulou nervosamente como quem exclama “mais uma, mais uma!”

No mesmo instante em que o telefone lhe foi devolvido, ela dirigiu-se com tanta sede ao ícone “Fotos” para ver o resultado, que esqueceu de agradecer ao garçom. E, nem bem o coitado e sua bandeja haviam se afastado, recomeçou a metralhar.

Penso que, naquele momento, o seu aparelho deve ter ficado com um instantâneo das minhas costas. Foi quando voltei a atravessar a rua, para ir embora.

Até a próxima, que agora é hoje!


Depois do “conto sobre a vida contemporânea”, como um amigo classificou este texto, traduzo um pequeno artigo bastante esclarecedor, com a entrevista de um fotógrafo e um neuropsicólogo, sob o título Fotografia: celular mata a memória humana lentamente

“Tiramos muitas fotos, porém não tanto para documentar o que vemos: a maior parte das vezes, para dizer que estávamos lá, e é aí que surge o problema. É que documentamos nossa vida, especificamos nossa presença em um lugar particular, mas, no final das contas, aacabamos por atribuir muito pouca importância ao que vemos”, lamenta o fotógrafo Sébastien Raymond.

Já o neuropsicólogo Dave Ellembert, se pergunta sobre as repercussões do uso demasiado da foto, por meio de telefones celulares, na memória. “Acho que nossa memória está desaparecendo devido ao consumo excessivo de imagens. Não nos deixamos mais espaço para a tentativa de memória . Vamos querer o tempo todo uma prova fatual para poder rastrear um evento justamente”, observa Sébastien Raymond, referindo-se ao fato de que todos, hoje em dia, têm um telefone celular e inundam redes sociais como Facebook ou Instagram com fotografias de todos os tipos.

“Hoje, o problema é que só nos lembramos por prova visual. Apelamos menos à nossa memória ”, diz este fotógrafo, autor do livro ” Le temps d’une photo : réflexion sur la photographie à l’ère du numérique.” Dave Ellemberg pensa como Sébastien Raymond. O neuropsicólogo diz que “muitas pessoas que tiram fotos com seus telefones celulares revelam diminuição cognitiva.”

“As pessoas, ao tirar fotos, confiam (no fato) de que têm uma prótese. Elas dizem a si mesmas: ‘tenho menos necessidade de me envolver neste evento, porque acumulo minha enciclopédia, minha ajuda de memória.’ E assim, há um esforço muito menos importante investido (no evento).”

  • Citação de Dave Ellemberg, neuropsicólogo

É a tendência da nossa época incivilizada, estimulada pelas redes sociais e pelos aparelhinhos que fotografam tudo e qualquer coisa. E, agora, com a I.A. ficou ainda pior. A torto e a direito, pessoas publicam ilustrações sem reconhecer, por falta de cultura, quando são fake. E, portanto, sem nem mesmo informar seus leitores. Prejudicam o conhecimento, a Arte, a Cultura e desrespeitam pessoas.

Conversas e reflexões perderam o interesse. O que importa no presente são só imagens. Incluindo aqui imagens de propaganda, utilizadas tanto por tiranos, quanto por terroristas, como os do Hamas. Mas esse é outro assunto, que fica para outra vez.

Em relação à fotografia, enquanto utilização deletéria para o nosso cérebro, Jean Baudrillard, muito saudoso, já tinha previsto seu crescimento assustador e catastrófico – como “cogumelos” – cobrindo tudo. Nota-se que pessoas que fotografam demais, apenas para registrar ocorrências, desaprendem de escrever. Não conseguem mais se exprimir corretamente, escrevendo. É preocupante.

A verdadeira e original criação, como sempre, em todas as suas formas, é a nossa salvação individual e, também, da humanidade.

Segundo o neuropsicólogo Dave Ellemberg, tirar foto não é necessariamente o melhor meio de se lembrar de uma experiência. PHOTO : iStock / gilaxia ©YOAN VALAT/EPA/MAXPPP