O maior massacre antissemita do nosso século

Exatamente quatro meses após o ataque do movimento palestino radical que matou mais de 1.160 pessoas em Israel, o presidente Emmanuel Macron prestou ontem, dia 7, uma emocionante homenagem às vítimas do islamismo, nos Invalides. Em seu comovente discurso, transmitido simultâneamente em locais públicos de Israel, ele pediu que nada seja cedido ao atual, desenfreado e desinibido antissemitismo. “A França”, disse o chefe de Estado, “foi tocada em sua carne”.

O presidente Emmanuel Macron, nos “Invalides”, diante da Guarda Republicana que empunha os retratos de 42 inocentes franceses, assassinados pelos terroristas do Hamas em Israel, no dia 7 e outubro de 2023. A homenagem se estende aos reféns franco-israelenses detidos até agora em Gaza pela organização terrorista (Foto de GONZALO FUENTES / POOL / AFP)

Os Invalides,  Palácio dos Inválidos, um dos monumentos mais conhecidos de Paris, lugar de memória militar e tributo aos resistentes mortos pelo país, será também, simbolicamente, a partir de agora, o memorial das vítimas do “maior massacre antissemita do nosso século”, como o definiu o presidente francês, em sua digna e solene mensagem, na qual dedicou uma palavra particular à cada inocente sacrificado. Um lugar de memória aos judeus, vítimas do terrorismo do Hamas.

Trago um relato

Neste momento em que a islamização da causa palestina está em seu auge, que o próprio povo palestino começa a se insurgir contra o jugo do Hamas, e que o antissemitismo crescente se esconde por trás do antissionismo, em toda parte – Brasil inclusive – trago um relato aos que odeiam Israel. É possível que mudem de alvo.

O líder desta organização paramilitar terrorista, em Gaza, Yahya Sinwar (foto abaixo), hoje, é um bandido foragido que felizmente perdeu todas as condições de dirigir a barbaria, graças à coragem e ao heroísmo das Forças de Defesa de Israel, que o isolaram. Mas, há alguns anos, este atroz foi condenado pelo assassinato de civis e mantido em prisões israelenses.

Yahya Sinwar, dirigente do Hamas,salvo por Israel. Hoje, graças à Tzahal (Forças de Defesa de Israel), é apenas um bandido fugitivo, sem qualquer comunicação com os terroristas. Seu rosto e expressão dizem tudo. Sinwar é o ódio personificado.

Um dia, Sinwar adoeceu na prisão e foi diagnosticado com um tumor cerebral. Os israelenses poderiam tê-lo deixado morrer e o negligenciado, porém, num Estado de Direito como Israel, não se deixa um prisioneiro sem cuidados, mesmo que seja um terrorista palestino.

Por uma questão de princípio, portanto, o Estado de Israel salvou da morte certa e terrível o próprio inimigo que queria a sua destruição. Além de que, como o leitor pode imaginar, a cirurgia e o tratamento de Yahya Sinwar foram complicados, arriscados e muito caros – feitos às custas dos contribuintes israelenses.

E, no entanto, quem planejou e ordenou o “maior massacre antissemita do nosso século”, foi justamente esse cérebro doente, salvo e depois solto por Israel. Cérebro curado graças a quem, posteriormente, ele mandou matar, massacrar, estuprar e sequestrar. O mesmo que, desde então, fez manter 251 (hoje 141) reféns civis, dos quais não se sabe quantos sobreviveram, inclusive um bebê de um ano.

A história do monstro Yahya Sinwar é apenas uma, entre milhares de exemplos de palestinos (terroristas ou não) sendo tratados em hospitais israelenses, por médicos judeus, árabes também. A presença de árabes que vivem e trabalham no país, como se sabe, é pacífica e coesa. Em minhas viagens à Israel e em minha vida profissional, nunca conheci israelenses que não sentissem pena dos palestinos e não quisessem ajudá-los.

Humanismo, de um lado. Cultura do ódio, de outro

O resto, a cerimônia de ontem nos fez lembrar, como, aliás, lembramos todos os dias. Foi o massacre do 7 de outubro, memória diante da qual nos recolhemos, junto com o presidente francês.

Este é Israel, estado de direito, face à selvageria de monstros, seus vizinhos, que estão do “outro lado” onde há sempre a “alegria”, o Allah Akbar e doces distribuídos toda vez que um ataque terrorista mata israelenses inocentes. E isso acontece há muito tempo, bem antes do massacre. Nenhuma ocupação – mesmo que fora de seus domínios e por mais injusta que seja nos dias de hoje  – justifica a barbárie. A pátria judaica ancestral nos foi devolvida e hoje, legitimamente, depois de tantas lutas e tragédias, nos pertence.

Ninguém pratica crueldade em Israel. Judeus transmitem sabedoria milenar dentro da qual está a tolerância e o amor.  Essa é a diferença entre a civilização e o humanismo de um lado e, de outro, a cultura do ódio e da violência incutida nas crianças desde o seu nascimento.

Então, quando ouço ignorantes dizerem que “Israel mata palestinos” – sendo que um país tem todo direito de se defender e que, indiretamente, é o próprio Hamas que assassina seu próprio povo, usado como escudo – fico extremamente revoltada.

Minha homenagem a “outro Justo

O 27 de janeiro foi o dia da memória às vítimas do Holocausto, data comemorada com uma série de filmes e documentários sobre o assunto na televisão pública e governamental francesa. Me pergunto se alguma coisa apareceu na TV brasileira.

No mesmo dia, descobriu-se que membros de uma organização da ONU fizeram parte do ataque terrorista de 7/10. Não surpreende. Esta é a ONU, hoje.

Portanto, presto aqui, minha homenagem a Kofi Annan, Prêmio Nobel da Paz, homem contrário à “deslegitimação de Israel”, que lutou contra o antissemitismo e a negação do Holocausto em 2017. Foi uma estrela da diplomacia mundial durante seus dez anos à frente das Nações Unidas.

Ele, que não acreditava que a paz fosse possível com os governos de sua época, certamente pensaria o mesmo nos dias de hoje. Por causa da conjuntura atual face ao islamismo radical, o programa ambicioso de Annan que, para o futuro, teria sido uma ferramenta indispensável para a paz, prosperidade e dignidade humana em todo o mundo, foi perdido, talvez, para sempre.

A França foi o único país a se manifestar

É contra isso, e o que acontece igualmente do outro lado do oceano, que decidi me bater: contra essa injustiça relativa a Israel e aos israelenses; contra essa “cultura da morte” no campo vizinho de seus adversários e contra os ignaros que não enxergam um palmo em frente de seus narizes, porque a ideologia os cega.

A França foi o único país a se manifestar. O que fez o presidente brasileiro, querendo agradar aos “sócios autocratas do Sul Global”? Alinhou nossa pátria aos países que apoiaram a acusação odiosa da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça, por “genocídio”, sem que o “suposto crime” tenha sido caracterizado pelas leis internacionais, uma vez que Israel responde legitimamente a um ataque terrorista jamais visto em sua história. A prova é que a Corte não acatou a acusação. E nem poderia.

A decisão de Lula não apenas alinha o Brasil a países autocráticos e violadores dos direitos humanos, como coloca a luz sobre o antissionismo da esquerda brasileira formada em boa parte por ideólogos racistas, antissemitas disfarçados.

Antissionismo é antissemitismo, sim.

Ao contrário do presidente brasileiro, seu homólogo francês Emmanuel Macron, com base nos poderes que lhe são conferidos pela Constituição francesa, e com aprovação do Congresso nacional, decretou “o antissionismo como antissemitismo”, delito passível de prisão como qualquer manifestação racista.

Na França, portanto, o presidente Lula, membros do PT como José Genoino e a presidente do partido, entre outros, já estariam respondendo em Justiça.

Lula é Munique, tanto quanto seu amigo Mélenchon, cujos deputados da extrema-esquerda na Assembleia francesa (elegantemente convidados à cerimônia de ontem, pelo presidente Macron, chapeau!), foram vaiados e muito justamente vaiados ao chegarem aos Invalides! As famílias das vítimas não queriam a presença desses eleitoreiros que acariciam o islamismo radical antissemita, no sentido do pêlo.

Lula e acólitos, shame on you! Até a próxima, que agora é hoje, e… Vive la Civilisation! Vive la Démocratie! Vive la République! Vive la France!

2 comentários em “O maior massacre antissemita do nosso século

  1. Boa tarde Sheila!

    kofi Annan, quando era secretário geral da ONU,se omitiu no genocídio de Ruanda nos anos ’90. Lamentável sua atuação nesse massacre.

    Abraço & bom fim de semana!

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    1. Boa tarde, boa noite aqui, Carlos! Bem lembrado, é verdade. Kofi Annan, ele mesmo, prêmio Nobel da Paz, arrependeu-se, reconheceu seu erro, disse que “deveria ter feito muito mais”.”

      Não sei de que forma é possível julgar, uma vez que Annan também era africano e que a ONU sempre foi falha. Há muito temp, teria sido preciso uma reformulação total dessa organização, que tem alcance internacional, sem fazer jus ao nosso mundo.

      Perto do que é a ONU hoje, Annan fez tanto e mereceu tanto o seu prêmio, que não sei se pode ser “cancelado” sumariamente sem conhecermos seus limites, os pormenores e as contingências históricas. Abs

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